Sector #069 - Coliseum
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Sector #069 - Coliseum
O simulador 69 é um enorme coliseu. Nesse coliseu, todo o tipo de guerreiros e seres estranhos habitam. Por norma recriações de prisioneiros, são estas figuras que Ketsu enfrenta sempre que deseja treinar. Tendo vários programas, aparecendo prisioneiros desde os mais fracos até aos mais perigosos, seres desde animais selvagens a verdadeiros monstros, há sempre uma figura que ensina ao rapaz técnicas novas e tácticas de luta.
Ryu Ketsu- Mensagens : 103
Data de inscrição : 10/11/2010
Idade : 28
Localização : Esmoriz
Perfil da Personagem
Localização da Headband: Luva na mão direita
Stamina:
(500/500)
Chakra:
(500/500)
Aprendizagem - Parte 1
"Um... Dois... Três... Quatro... Respira, Ketsu! Respira como deve ser! Um... Dois... Três... Quatro...". Pelas suas contas, já estava a correr à quase meia-hora. Uma gota de suor escorria pela sua face magra, entre tantas outras, acariciando as maçãs de adão, descendo pelas bochechas esticadas. O rapaz respirava aceleradamente. Fechou os olhos e cerrou os dentes quando sentiu a gota atingiu o início da sua macabra cicatriz e seguiu a sua superfície irregular. Causava-lhe arrepios sentir o suor tocar naquela parcela de pele sensível. A gota solitária continuou o seu percurso, acabando por se separar das feições de Ketsu ao chegar ao meio do queixo. O rapaz abriu os olhos e abanou o cabelo. Gotas de água soltaram-se e caíram no chão do coliseu, misturando-se com a poeira do chão.
Estava a ficar cansado.
Ketsu não era nenhum corredor profissional, mas não era propriamente um rapaz lento. Corria velozmente pelo perímetro interno de terra batida do coliseu simulado pelo #069. Já ia na décima volta. Só faltavam cinco. As suas pernas pareciam arder e o seu peito doía-lhe, cansado de bombear ar àquela velocidade. O jovem passou para a segunda fase psicológica do seu treino de resistência. Desde aquela noite apenas havia uma coisa que o fazia mover quando estava perto de colapsar. O gennin olhou para as palmas das mãos. Quatro pequenas cicatrizes, do tamanho das suas unhas, encontravam-se em cada mão. Ketsu fechou os olhos, sem nunca parar de correr. Já conhecia de cor as curvas repetitivas do coliseu e conseguia correr facilmente sem ver.
”Dor…”
Ketsu inspirou fundo, e deixou as dores que sentia canalizarem-se para as feridas profundas que aquela noite lhe tinha deixado na mente. Um misto de emoções fez lágrimas virem-lhe aos olhos. O rapaz limpou os olhos com um movimento decido do antebraço. Não havia lugar para choro, pois choro era fraqueza. ”Tenho de ser mais forte.” Acelerou o seu ritmo. A sua camisola estava colada ao corpo, ensopada. Parecia que tinha estado a tomar banho. Os seus pés pousaram-se exactamente no sítio onde estavam as pegadas. “Ritmo perfeito”, chamava-lhe o seu pai, que o treinava no simulador. Aquele coliseu estava construído de maneira a que, se o ritmo de corrida ou passada não acelerasse ou abrandasse, os pés do corredor calcavam as pegadas deixadas anteriormente. Ketsu respirou fundo e passou as mãos pela cara, limpando as gotas de suor, que lhe faziam cócegas leves.
”Morte…”
Era o destino que ia dar aos demónios que tinham raptado Gaidoku. Planeava cumprir a sua promessa de os esfolar vivos, arrancar-lhes o coração e dá-lo de comer aos porcos, que se banqueteariam com aqueles órgãos musculados e treinados. O Ryu fechou as mãos, com tal força que os nós dos seus dedos ficaram brancos. A simples memória do momento em que ouvira o pedido de ajuda do seu dragão inundava-o de uma raiva cega. As veias nos seus antebraços pareciam querer fugir do seu corpo e viver aventuras no mundo exterior, tal era a força com que os seus músculos pressionavam a pele.. Voltou a inspirar. Faltava uma volta. Acelerando lentamente, Ketsu deixou todas as suas emoções reprimidas fluir, envolvendo o seu propósito nelas.
”Vingança…”
O seu objectivo. A sua energia. O que o fazia levantar todas as manhãs para correr durante três quartos de hora, o que o fazia passar horas em bibliotecas no meio de jornais velhos e testemunhos de antigos, o que o fizera partir uma mesa com a força de um braço.
Aquele era o seu lema. Dor, Morte, Vingança. O seu objectivo era tornar-se mais forte, para dilacerar os corpos dos homens que, um ano antes, tinham raptado o seu dragão. ”Mataram-no. Ele nem um dia de vida e mataram-no num covil qualquer, esfolaram-no e venderam a sua pele a um comerciante de armaduras qualquer, para arranjar dinheiro para putas e droga.”[/i] era o que a sua mente dizia, enquanto que a sua voz chamava pelo seu pai, anunciando o fim da sua corrida de aquecimento. Aquele pensamento já era quase uma oração, e já não lhe provocava as emoções que inicialmente o faziam querer destruir todo aquele campo de treino. Estava “imune”. O jovem sentou-se no chão e começou a fazer alongamentos simples, enquanto admirava o coliseu.
”Há que admitir… é sempre impressionante…”. Um edíficio com 50 metros de altura, com centenas de portas. Era uma réplica quase exacta do coliseu romano mas… adaptado. Havia, num pequeno canto, uma sala, construída em pedra pura e rodeada por um pequeno fosso, com diversos bonecos para treino, feitos em palha, madeira e até pedra. Alteres com 38kg estavam pousados, para Ketsu fazer a sua sessão semanal de musculação, num canto da sala, com quatro rotinas, uma para cada semana do mês.
O terreno à volta da sala era um descampado de terra batida, com uma lagoa no meio. Um muro com 10 metros de altura separava o descampado da “bancada”, a zona circundante externa do coliseu onde havia sido criado uma dura pista de obstáculos. Quatro de seis túneis convergiam para o descampado, deixando o que dava acesso ao balneário de Ketsu e o que dava acesso à sala de musculação de lado. Dentro desses túneis um qualquer oponente formidável aguardava pacientemente a sua chance de arrancar um pedaço do Ryu.
Uma figura alta e esguia saiu do túnel do balneário com um pergaminho de aspecto pesado debaixo do seu braço. Ketsu sorriu, os pensamentos de Dor e de Morte vazando do seu espírito, reinando a vingança na sua mente. Era a altura mais esperada de todas, pelo menos para ele. A altura de aprender técnicas e lutar contra alguém, ou algo, para as dominar.
Ketsu já se tinha batido com um ou outro presidiário de baixa categoria, para dominar principalmente a sua Kekkei Genkai. Dominara as outras quatro técnicas que conhecia com a ajuda do seu pai. ”Duvido que só aprenda quatro hoje…” pensou, avaliando o volume do scroll.
O pai do gennin deitou o scroll no chão e inspirou fundo. Atirou uma camisola limpa e umas luvas, sem dedos, de cabedal preto gasto. Ketsu velozmente trocou a sua indumentária suada por aquelas vestes limpas e secas. Sentido o corpo mais leve, sentou-se à frente do seu pai. Este apontou para um diagrama explicativo de uma técnica, desenhado no pergaminho.
- Gangeki – disse – concentras chakra na mão e dás um soco a alguma coisa.- em seguida, apontou para o diagrama ao lado - Senpuu. Saltas e dás um pontapé no ar. – repetiu o processo para outra técnica. – Gouriki Senpuu. Mesma coisa, mais dano. Shoushitsu, mesma coisa que o gakenji, com um joelho. Sumasshu Daun Konbo,,. Vou-te ensinar isso amanhã. Agora… chakra…
Ketsu sorriu. Já conhecia algumas técnicas de Rank C do seu elemento, Katon. Pelo que tinha percepcionado, tinha aquele elemento por causa do fogo ardente que ardia na sua alma… um fogo de raiva. Estava desejoso de aprender mais, de evoluir mais, de conseguir destruir mais. Olhou o seu pai nos olhos e sentiu uma energia eléctrica percorrer o seu corpo. Estava mais perto do seu objectivo, da sua vingança.
- Não te vou ensinar nenhuma hoje... se calhar amanhã - O jovem sabia que o pai apenas lhe ensinava técnicas de Rank C quando tinha bastante tempo livre, pois necessitavam de mais trabalho e, visto que, graças à sua bloodline, tinha um controlo anormal sobre o elemento Katon, dominava com uma facilidade quase assustados as técnicas de rank baixo desse mesmo elemento, sendo que as tinha aprendido logo que as vira, num dos seus primeiros treinos. O jovem ainda se lembrava de perguntar ao pai porque é que os seus colegas tinham tanta dificuldade a aprender aquelas técnicas, tão simples para ele, e porque é que ele as aprendia em tão pouco tempo quando não conseguia fazer um kai a um genjutsu qualquer sem se concentrar durante vários minutos. A isto o pai apenas respondia "Está-te no sangue", e dava-lhe uma palmadinha na cabeça, despenteando-o em seguida, enquanto o convidava para ir comer um gelado ou até dar uns toques com a bola de futebol que lhe dera. No entanto, o homem que tinha à sua frente, naquele momento, não era seu pai. Era seu treinador e, com um aclarar de garganta severo, pediu a atenção do rapaz.
- Vais lutar contra um preso… um rapaz pouco mais velho que tu que achou muita piada exilar-se. É um adversário ao teu nível. Quero que uses pelo menos uma vez todas as técnicas que te disse agora MENOS o Sumasshu. Se fizeres isso, prometo que amanhã te ensino, além do combo, uma técnica secreta dos Ryu. – O pai de Ketsu levantou-se e dirigiu-se para os balneários. Sabia como era importante para o seu filho aprender técnicas e evoluir nas artes ninja, não sabia era porquê. Algo no olhar de Ketsu, sempre que via que ia entrar num novo estágio de treino, fazia-o ter receio dos fins do filho, que, desde que lhe pedira para o treinar, à cerca de um ano, evoluíra a um ritmo fenomenal. O homem virou à direita. Havia uma passagem directa para a bancada, marcada por um sinal de escadas. A passagem era, em si, um lance com sessenta escadas escavadas na pedra, sem luz.. Ao entrar, fechou o portão do balneário atrás de si. Tinha levado o scroll consigo.
Uma chiadeira metálica captou a atenção do gennin. Um portão abria-se lentamente, chiando por todos os lados. De lá de dentro saiu um rapaz pouco mais alto que Ketsu. Tinha um cachecol de pano no pescoço. Na ponta que ondulava ao vendo podia-se ler “Dor.”
O rapaz que iria ser o seu oponente era, obviamente, mais velho. Os seus músculos estavam mais delineados, e a pele mais esticada por cima destes. Cada movimento que fazia era um festival de movimentos de tendões e músculos. O seu cabelo desgrenhado, pelos ombros, era de uma tonalidade cinzenta e cobria os olhos. Isto, aliado ao cachecol que trazia, deixava apenas uma tira de pele à vista, entre o meio da cana do nariz e as narinas. Vestia uma t-shirt suja, com uma cor macilenta indefinida, uns calções às riscas e umas sapatilhas rotas. Não tinha armas consigo. Estavam mano-a-mano.
Ketsu apontou-lhe o indicador e, em seguida, passou lentamente o polegar pelo próprio pescoço, sorrindo. Parecia um homem diferente. O mesmo se passava sempre que lutava em treinos. O Ryu mais velho, do meio da bancada, sorriu, e inclinou-se para a frente, apoiando os cotovelos nos joelhos, agarrando o punho fechado com a mão e apoiando a cabeça naquele suporte improvisado. Ia ser interessante.
Ketsu sorriu. ”Belo cachecol… ficava bem, combina com os meus objectivos…”. A excitação do combate apoderava-se dele. Deu um passo em frente. Não sabia do que o seu oponente era capaz, logo achou melhor “começar a matar”.
O presidiário puxou o cachecol, revelando uma boca coberta com um bigode por fazer e barba rala. Havia uma linha que delimitava o sítio onde o cachecol estivera e o resto da cara. Aparentemente nunca o tirava, visto que tinha a zona coberta muito menos suja.
- Hitoya – a sua voz era baixa e áspera. Parecia ter uma lixa nas cordas vocais, tão baixo que falou. Ketsu ouviu o nome e respondeu com a mesma frieza.
- Senkai – um sorriso tresloucado desenhou-se na face do gennin. Estava a arder de excitação. Já quase sentia os ossos do tal Hitoya a desfazerem-se sob os punhos carregados de chakra dele. – Vê lá se não te esganas.
Hitoya nada disse, sendo a sua resposta à ameaça de Ketsu um simples recolocar de cachecol no lugar. Ketsu sorriu. Não o irritava que ignorassem as suas bocas, era normal. Ele apenas as dizia para tentar irritar e desconcentrar o adversário.
Ketsu manteve-se estático. Avaliou o seu adversário. A tensão podia-se cortar à faca. Apenas uma frase lhe veio à cabeça, uma frase que resumia tudo o que sentia naquele momento: ” Nasci para lutar e a minha vida é uma eterna batalha”.
Estava a ficar cansado.
Ketsu não era nenhum corredor profissional, mas não era propriamente um rapaz lento. Corria velozmente pelo perímetro interno de terra batida do coliseu simulado pelo #069. Já ia na décima volta. Só faltavam cinco. As suas pernas pareciam arder e o seu peito doía-lhe, cansado de bombear ar àquela velocidade. O jovem passou para a segunda fase psicológica do seu treino de resistência. Desde aquela noite apenas havia uma coisa que o fazia mover quando estava perto de colapsar. O gennin olhou para as palmas das mãos. Quatro pequenas cicatrizes, do tamanho das suas unhas, encontravam-se em cada mão. Ketsu fechou os olhos, sem nunca parar de correr. Já conhecia de cor as curvas repetitivas do coliseu e conseguia correr facilmente sem ver.
”Dor…”
Ketsu inspirou fundo, e deixou as dores que sentia canalizarem-se para as feridas profundas que aquela noite lhe tinha deixado na mente. Um misto de emoções fez lágrimas virem-lhe aos olhos. O rapaz limpou os olhos com um movimento decido do antebraço. Não havia lugar para choro, pois choro era fraqueza. ”Tenho de ser mais forte.” Acelerou o seu ritmo. A sua camisola estava colada ao corpo, ensopada. Parecia que tinha estado a tomar banho. Os seus pés pousaram-se exactamente no sítio onde estavam as pegadas. “Ritmo perfeito”, chamava-lhe o seu pai, que o treinava no simulador. Aquele coliseu estava construído de maneira a que, se o ritmo de corrida ou passada não acelerasse ou abrandasse, os pés do corredor calcavam as pegadas deixadas anteriormente. Ketsu respirou fundo e passou as mãos pela cara, limpando as gotas de suor, que lhe faziam cócegas leves.
”Morte…”
Era o destino que ia dar aos demónios que tinham raptado Gaidoku. Planeava cumprir a sua promessa de os esfolar vivos, arrancar-lhes o coração e dá-lo de comer aos porcos, que se banqueteariam com aqueles órgãos musculados e treinados. O Ryu fechou as mãos, com tal força que os nós dos seus dedos ficaram brancos. A simples memória do momento em que ouvira o pedido de ajuda do seu dragão inundava-o de uma raiva cega. As veias nos seus antebraços pareciam querer fugir do seu corpo e viver aventuras no mundo exterior, tal era a força com que os seus músculos pressionavam a pele.. Voltou a inspirar. Faltava uma volta. Acelerando lentamente, Ketsu deixou todas as suas emoções reprimidas fluir, envolvendo o seu propósito nelas.
”Vingança…”
O seu objectivo. A sua energia. O que o fazia levantar todas as manhãs para correr durante três quartos de hora, o que o fazia passar horas em bibliotecas no meio de jornais velhos e testemunhos de antigos, o que o fizera partir uma mesa com a força de um braço.
Aquele era o seu lema. Dor, Morte, Vingança. O seu objectivo era tornar-se mais forte, para dilacerar os corpos dos homens que, um ano antes, tinham raptado o seu dragão. ”Mataram-no. Ele nem um dia de vida e mataram-no num covil qualquer, esfolaram-no e venderam a sua pele a um comerciante de armaduras qualquer, para arranjar dinheiro para putas e droga.”[/i] era o que a sua mente dizia, enquanto que a sua voz chamava pelo seu pai, anunciando o fim da sua corrida de aquecimento. Aquele pensamento já era quase uma oração, e já não lhe provocava as emoções que inicialmente o faziam querer destruir todo aquele campo de treino. Estava “imune”. O jovem sentou-se no chão e começou a fazer alongamentos simples, enquanto admirava o coliseu.
”Há que admitir… é sempre impressionante…”. Um edíficio com 50 metros de altura, com centenas de portas. Era uma réplica quase exacta do coliseu romano mas… adaptado. Havia, num pequeno canto, uma sala, construída em pedra pura e rodeada por um pequeno fosso, com diversos bonecos para treino, feitos em palha, madeira e até pedra. Alteres com 38kg estavam pousados, para Ketsu fazer a sua sessão semanal de musculação, num canto da sala, com quatro rotinas, uma para cada semana do mês.
O terreno à volta da sala era um descampado de terra batida, com uma lagoa no meio. Um muro com 10 metros de altura separava o descampado da “bancada”, a zona circundante externa do coliseu onde havia sido criado uma dura pista de obstáculos. Quatro de seis túneis convergiam para o descampado, deixando o que dava acesso ao balneário de Ketsu e o que dava acesso à sala de musculação de lado. Dentro desses túneis um qualquer oponente formidável aguardava pacientemente a sua chance de arrancar um pedaço do Ryu.
Uma figura alta e esguia saiu do túnel do balneário com um pergaminho de aspecto pesado debaixo do seu braço. Ketsu sorriu, os pensamentos de Dor e de Morte vazando do seu espírito, reinando a vingança na sua mente. Era a altura mais esperada de todas, pelo menos para ele. A altura de aprender técnicas e lutar contra alguém, ou algo, para as dominar.
Ketsu já se tinha batido com um ou outro presidiário de baixa categoria, para dominar principalmente a sua Kekkei Genkai. Dominara as outras quatro técnicas que conhecia com a ajuda do seu pai. ”Duvido que só aprenda quatro hoje…” pensou, avaliando o volume do scroll.
O pai do gennin deitou o scroll no chão e inspirou fundo. Atirou uma camisola limpa e umas luvas, sem dedos, de cabedal preto gasto. Ketsu velozmente trocou a sua indumentária suada por aquelas vestes limpas e secas. Sentido o corpo mais leve, sentou-se à frente do seu pai. Este apontou para um diagrama explicativo de uma técnica, desenhado no pergaminho.
- Gangeki – disse – concentras chakra na mão e dás um soco a alguma coisa.- em seguida, apontou para o diagrama ao lado - Senpuu. Saltas e dás um pontapé no ar. – repetiu o processo para outra técnica. – Gouriki Senpuu. Mesma coisa, mais dano. Shoushitsu, mesma coisa que o gakenji, com um joelho. Sumasshu Daun Konbo,,. Vou-te ensinar isso amanhã. Agora… chakra…
Ketsu sorriu. Já conhecia algumas técnicas de Rank C do seu elemento, Katon. Pelo que tinha percepcionado, tinha aquele elemento por causa do fogo ardente que ardia na sua alma… um fogo de raiva. Estava desejoso de aprender mais, de evoluir mais, de conseguir destruir mais. Olhou o seu pai nos olhos e sentiu uma energia eléctrica percorrer o seu corpo. Estava mais perto do seu objectivo, da sua vingança.
- Não te vou ensinar nenhuma hoje... se calhar amanhã - O jovem sabia que o pai apenas lhe ensinava técnicas de Rank C quando tinha bastante tempo livre, pois necessitavam de mais trabalho e, visto que, graças à sua bloodline, tinha um controlo anormal sobre o elemento Katon, dominava com uma facilidade quase assustados as técnicas de rank baixo desse mesmo elemento, sendo que as tinha aprendido logo que as vira, num dos seus primeiros treinos. O jovem ainda se lembrava de perguntar ao pai porque é que os seus colegas tinham tanta dificuldade a aprender aquelas técnicas, tão simples para ele, e porque é que ele as aprendia em tão pouco tempo quando não conseguia fazer um kai a um genjutsu qualquer sem se concentrar durante vários minutos. A isto o pai apenas respondia "Está-te no sangue", e dava-lhe uma palmadinha na cabeça, despenteando-o em seguida, enquanto o convidava para ir comer um gelado ou até dar uns toques com a bola de futebol que lhe dera. No entanto, o homem que tinha à sua frente, naquele momento, não era seu pai. Era seu treinador e, com um aclarar de garganta severo, pediu a atenção do rapaz.
- Vais lutar contra um preso… um rapaz pouco mais velho que tu que achou muita piada exilar-se. É um adversário ao teu nível. Quero que uses pelo menos uma vez todas as técnicas que te disse agora MENOS o Sumasshu. Se fizeres isso, prometo que amanhã te ensino, além do combo, uma técnica secreta dos Ryu. – O pai de Ketsu levantou-se e dirigiu-se para os balneários. Sabia como era importante para o seu filho aprender técnicas e evoluir nas artes ninja, não sabia era porquê. Algo no olhar de Ketsu, sempre que via que ia entrar num novo estágio de treino, fazia-o ter receio dos fins do filho, que, desde que lhe pedira para o treinar, à cerca de um ano, evoluíra a um ritmo fenomenal. O homem virou à direita. Havia uma passagem directa para a bancada, marcada por um sinal de escadas. A passagem era, em si, um lance com sessenta escadas escavadas na pedra, sem luz.. Ao entrar, fechou o portão do balneário atrás de si. Tinha levado o scroll consigo.
Uma chiadeira metálica captou a atenção do gennin. Um portão abria-se lentamente, chiando por todos os lados. De lá de dentro saiu um rapaz pouco mais alto que Ketsu. Tinha um cachecol de pano no pescoço. Na ponta que ondulava ao vendo podia-se ler “Dor.”
O rapaz que iria ser o seu oponente era, obviamente, mais velho. Os seus músculos estavam mais delineados, e a pele mais esticada por cima destes. Cada movimento que fazia era um festival de movimentos de tendões e músculos. O seu cabelo desgrenhado, pelos ombros, era de uma tonalidade cinzenta e cobria os olhos. Isto, aliado ao cachecol que trazia, deixava apenas uma tira de pele à vista, entre o meio da cana do nariz e as narinas. Vestia uma t-shirt suja, com uma cor macilenta indefinida, uns calções às riscas e umas sapatilhas rotas. Não tinha armas consigo. Estavam mano-a-mano.
Ketsu apontou-lhe o indicador e, em seguida, passou lentamente o polegar pelo próprio pescoço, sorrindo. Parecia um homem diferente. O mesmo se passava sempre que lutava em treinos. O Ryu mais velho, do meio da bancada, sorriu, e inclinou-se para a frente, apoiando os cotovelos nos joelhos, agarrando o punho fechado com a mão e apoiando a cabeça naquele suporte improvisado. Ia ser interessante.
Ketsu sorriu. ”Belo cachecol… ficava bem, combina com os meus objectivos…”. A excitação do combate apoderava-se dele. Deu um passo em frente. Não sabia do que o seu oponente era capaz, logo achou melhor “começar a matar”.
O presidiário puxou o cachecol, revelando uma boca coberta com um bigode por fazer e barba rala. Havia uma linha que delimitava o sítio onde o cachecol estivera e o resto da cara. Aparentemente nunca o tirava, visto que tinha a zona coberta muito menos suja.
- Hitoya – a sua voz era baixa e áspera. Parecia ter uma lixa nas cordas vocais, tão baixo que falou. Ketsu ouviu o nome e respondeu com a mesma frieza.
- Senkai – um sorriso tresloucado desenhou-se na face do gennin. Estava a arder de excitação. Já quase sentia os ossos do tal Hitoya a desfazerem-se sob os punhos carregados de chakra dele. – Vê lá se não te esganas.
Hitoya nada disse, sendo a sua resposta à ameaça de Ketsu um simples recolocar de cachecol no lugar. Ketsu sorriu. Não o irritava que ignorassem as suas bocas, era normal. Ele apenas as dizia para tentar irritar e desconcentrar o adversário.
Ketsu manteve-se estático. Avaliou o seu adversário. A tensão podia-se cortar à faca. Apenas uma frase lhe veio à cabeça, uma frase que resumia tudo o que sentia naquele momento: ” Nasci para lutar e a minha vida é uma eterna batalha”.
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5 pela corrida
85-5=80 stamina
Última edição por Ryu Ketsu em Qua Nov 24, 2010 9:46 am, editado 1 vez(es)
Ryu Ketsu- Mensagens : 103
Data de inscrição : 10/11/2010
Idade : 28
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Localização da Headband: Luva na mão direita
Stamina:
(500/500)
Chakra:
(500/500)
Aprendizagem - Parte 2 [Final]
”Silêncio.”.
Até os animais pareciam respeitar a tensão sentida pelos oponentes. Ketsu cerrou os dentes. Relaxava e pressionava os músculos do maxilar, sentindo os pequenos altos carnudos na zona em que ambas as partes do seu crânio se juntavam. Fechou as mãos, fazendo força nos antebraços. Não queria dar parte de fraco e deixar o seu oponente dar o primeiro golpe, mas também não se queria armar em herói grego e levar uma valente coça. Deu um passo em frente. O seu adversário imitou-o.
Ketsu começou, então, a caminhar em direcção ao seu oponente. Não sentia necessidade de correr em direcção a Hitoya, e achava que separados por tanta distância não haveria grande luta. O presidiário, como sempre, imitou o jovem. Parecia estar extremamente aborrecido com o combate. Aproximavam-se a um ritmo acelerado. Apenas se tinham passado poucos segundos entre o pensamento sobre a tensão presente momentos antes e o encontro, mesmo no meio do campo de batalha, frente a frente, de ambos os lutadores.
Ketsu olhou o seu oponente nos olhos, cobertos por cabelo. Nada lhe disse, nada lhe foi dito. O corpo do gennin enrijeceu devido à tensão. Lentamente colocou-se em posição de combate, flectindo ligeiramente os braços e deixando uma perna deslizar para trás. O recluso com que se iria defrontar nem se mexeu. Uma gota de suor escorreu pela têmpora de Ketsu, e este humedeceu os lábios e cerrou os dentes.
No preciso momento em que o gennin abriu a boca, com o intuito perguntar se iam ficar a olhar um para o outro durante muito tempo ou iam começar a lutar como homens, Hitoya desferiu um poderoso gancho de direita na cabeça de Ketsu. Este deixou a sua cabeça virar para o lado, de modo a amortecer a intensidade que o golpe teria no seu pescoço tenso. Um sorriso desenhou-se-lhe nos lábios quando viu um joelho subir em direcção à sua cara. Inclinando o corpo para trás, Ketsu desviou calmamente o ataque, ainda a sorrir.
”Oportunidade…”. Hitoya estava próximo, com um olhar atónito, ainda tentando descobrir como é que aquela criança tinha evitado tão facilmente o seu golpe cuidadosamente calculado. Rodando o corpo 90º par a esquerda, Ketsu aproveitou o balanço ganho pela rotação para aproveitar a sua oportunidade perfeita. Concentrando chakra no punho, recuou o braço, inspirando fundo. Sentia os músculos a enrijecer.
- Gangeki! – As palavras pareciam deixar-lhe um gosto açucarado na boca, como se estivesse a comer um doce. Quase lhe apeteceu lamber os beiços, tão bem que lhe sabia finalmente atingir aquele oponente presunçoso. Desferiu o soco com toda a sua energia, após inspirar calmamente, mesmo no estômago do oponente. O corpo deste flectiu-se. Hitoya Abriu a boca em dor, mas nenhum som saiu. Aparentemente o rapaz acertara mesmo no diafragma.
Hitoya encolheu-se, inclinando o peito para a frente enquanto tentava respirar. A zona onde Ketsu acertara fora ligeiramente projectada para trás, parecendo que o presidiário estava a ser puxado por alguma força mística arcaica esquecida. Vendo outra brecha na defesa do seu oponente, Ketsu fincou os pés no chão e saltou, dizendo a plenos pulmões “Senpuu”. Em pleno ar, girou o corpo com toda a sua força, a perna direita esticada, dirigindo o ataque para a cabeça desprotegida do seu oponente.
Fora como dar uma canelada numa tora de madeira. Um antebraço, rijo como o tronco de um carvalho, impedira com assustadora facilidade o pujante pontapé do gennin. Hitoya cuspiu. A sua saliva tinha um tom ligeiramente avermelhado. Sorriu. Com a mão livre, agarrou a perna de Ketsu pelo joelho, enquanto que o braço direito, antes a bloquear o ataque do Ryu, passou para trás do gémeo do rapaz e agarrou-o fortemente.
- Come terra! – as palavras pareciam as de um lunático a gritar, enquanto atirava vasos a um cansado enfermeiro que se esforçava para lhe enfiar pela goela abaixo um qualquer comprimido controlador para os seus distúrbios mentais. Com os músculos a inchar assustadoramente devido ao esforço, Hitoya atirou o corpo, ainda suspenso, do gennin contra o chão poeirento, com o ímpeto dos titãs.
O impacto fez o único observador do combate suster a respiração. Uma enorme nuvem de poeira cobria a zona onde estava o corpo de Ketsu que, com um som doentio, embatera contra o chão, abrindo fendas na pedra. A nuvem, lentamente, começou a assentar, deixando, de par em par, dois corpos definirem-se. Um deles estava no chão, com os joelhos ligeiramente flectidos, enquanto que o outro esbatido vulto estava, aparentemente, sentado em cima do primeiro. Borrões negros pareciam circular à volta do segundo vulto, embatendo contra o primeiro. Via-se claramente que violentos e sanguinários murros eram desferidos sem piedade no corpo em dores de um dos combatentes.
O pé assentou. No chão estava Ketsu. Sentado em cima via-se Hitoya. Um sorriso sádico desenhava-se e o recluso soltava gargalhadas soltas, estridentes como buzinas, enquanto desferia um e outro soco em Ketsu. Este tinha o sobrolho cortado e sangrava do lábio. Os seus olhos estavam fechados e os músculos do pescoço tensos.
Subitamente Ketsu abriu os olhos. Tinha estado a tentar concentrar-se enquanto recebia aquela chuva de ataques incessante. Com toda a força que conseguiu fazer passar pelas finas malhas do filtro da sua dor, desferiu uma poderosa joelhada nas costas do seu oponente, mesmo quando este armara o braço para um golpe final. A mão de Hitoya estava próximo da sua própria orelha, as veias salientes devido à força com que estava fechada.
A joelhada fez o recluso soltar um urro. Quem o ouvisse não saberia se era um grito de raiva ou um lamento de dor. Passado aquele rugido animalesco, a raiva estava desenhada na cara de Hitoya. Este puxou o braço atrás um pouco mais, fazendo o ombro direito acompanhar o movimento. Ketsu cerrou os olhos. Concentrou a sua energia no joelho, provavelmente o único sítio onde tinha uma chance, ainda que remota, de provocar algum dano.
As palavras saíram da boca dos dois combatentes exatamente ao mesmo tempo. Parecia um Canon extremamente bem ensaiado. Da boca do Ryu ouviu-se “Shoushitsu”, enquanto que das guturais profundezas dos pulmões de Hitoya apenas se ouviu um sussurro, quase como uma sentença de morte proclama. Devido à proximidade, Ketsu conseguiu ouvir o que o seu oponente havia pronunciado. Nunca antes tinha ouvido tal técnica: “Oukashou”.
Parecia estar tudo a passar-se em câmara lenta. Ketsu viu o punho cerrado de Hitoya a descer na sua direcção e cerrou os dentes. Sabia que era a sua única hipótese. O gennin fechou os olhos. Sentiu as escamas irromper da sua pele bronzeada, cobrindo toda a área do seu corpo. Ketsu abriu os olhos violentamente, revelando uma fenda negra no meio do vermelho dos seus olhos. O seu oponente pareceu ligeiramente desconcentrado com o que vira.
O seu joelho embateu nas costas do seu oponente, projectando-o para a frente, imediatamente após um poderosíssimo soco acertar-lhe entre os olhos, partindo algumas das escamas, que perfuraram a pele do jovem novamente, fazendo-o sangrar. Aparentemente a sua “metamorfose” tivera o efeito desejado: desconcentrar. Não o tinha danificado muito, felizmente, mas sentia uma dor forte na testa, bem mais acutilante do que a que o corte, feito pelos fragmentos aguçados das escamas, lhe dava, qual prenda de anos.
Ketsu viu o corpo de Hitoya a cair por cima de si e, antes que o seu oponente tivesse tempo de reagir, apoiou ambas as mãos na barriga deste e empurrou com força, com toda a força que ganhara durante aquele intenso ano de treino. Conseguindo fazer o corpo do recluso voar alguns metros para trás, o Ryu aproveitou os segundos que ganhara para se levantar com um acrobático salto.
Ainda atordoado com a forma como aquela “criança” tinha virado a situação em que se encontrava, Hitoya levantou-se, a olhar para a mão. Pedaços do que pareciam ser escamas despedaçadas tinham-lhe cortado a carne e tinha o seu dedo do meio com um inchaço anormal e não o sentia. Provavelmente deslocado.
Com o dilema de suportar as dores excruciantes de recolocar um osso no seu encaixe ou continuar a lutar ignorando as dores, Hitoya não notou que Ketsu estava a formar alguns selos. O gennin arquejava pesadamente enquanto se concentrava. Formara dois selos apenas, dragão e tigre. Recompondo-se, ketsu deixou-se cair de joelhos no chão e concentrou-se, fechando a mão lentamente, mas com firmeza. Armando ambos os braços o mais que podia, o rapaz gritou “Hando Shindou”, esmurrando o chão com a mão esquerda. Mal acabara de dizer “dou”, o jovem deixou cair a mão direita com toda a sua força, murmurando entre dentes, para não danificar a ilusão, “Katon: Fukumen Jouki no Jutsu”.
Ao olho destreinado, o gennin desferira um golpe de tal maneira poderoso no solo que, além de o fazer tremer, desequilibrando Hitoya, que rodava os braços no ar de maneira a evitar cair, sem sequer reparar, abrira uma fissura no chão, entre ele e o seu oponente. Esta, acabando mesmo por baixo do recluso, cuspiu uma linha de labaredas que o queimou. O grito de dor fez Ketsu sorrir.
A roupa do rapaz estava a arder, sendo que o principal foco de combustão era precisamente no local onde os genitais deste estavam. Sem dar ao seu oponente oportunidade de se recompor, Ketsu aproximou-se dele, saltando. Hitoya acabara de apagar o fogo na sua virilha quando um grito soou no estádio. Parecia um grito de guerra.
- Gouriki Senpuu! – o pontapé, bem mais caprichoso que o anterior, acertou o recluso distraído mesmo no pescoço. Devido à dureza das escamas, o pescoço de Hitoya estalou. ”Porra! Ele não morre!” foi o único pensamento que passou pela mente de Ketsu ao cair no chão. O seu oponente, lentamente, levantou-se. O seu sorriso tinha desaparecido e sangrava de uma mão. Uma pequena incisão onde o pé do Ryu tinha embatido com o pescoço do seu oponente largava, ocasionalmente, uma pequena gota solitária de sangue. Ambos arfavam.
- Vences-te – foi o comentário de Hitoya. Este não era de lutar. Exilara-se da sua vila precisamente para não ter de lutar. Infelizmente, cinco anos de matar ou ser morto tinham-lhe dado a volta à cabeça, desenvolvendo uma psicose de bipolaridade quase ao nível da esquizofrenia.
- Obrigado – Ketsu agarrou o punho direito com a palma esquerda e inclinou-se levemente para a frente, gesto que o recluso imitou. No final, deram um aperto de mão formal e cada um seguiu o seu caminho. O Ryu deixou a sua pele voltar ao normal. Tinha de utilizar mais a sua bloodline, estava farto daquela sensação de comichão sempre que as deixava sair.
Ao entrar no balneário, o seu pai deu-lhe uma palmada nas costas e acompanhou-o em direcção ao duche. O sangue que escorria da testa do rapaz bifurcava ao chegar ao nariz, escorrendo pelo canto interno dos olhos em direcção à boca, lentamente. Promessas de duas sobremesas no dia do pudim e de mais técnica saíram da boca do Ryu mais velho, contente pelo desempenho do filho. Já este, não ouvia nada.
A água escorria pelo seu corpo musculado suado. O som que os pequenos jactos provocavam no chuveiro era extremamente calmante, e o vapor quente abraçava-o como um cobertor. Ketsu aumentou a pressão da água, deixando-a incidir sobre os seus músculos doridos. Tinha várias pisaduras no peito e uma enorme nódoa negra num olho. O corte na sua fronte, já estancado, estava a chegar à fase em que crepitava de dor. O rapaz aumentou a temperatura da água e virou-se de costas para o jacto. Parecia o paraíso.
Sempre gostara de tomar banho. O vapor à sua volta, a água quente a relaxar o seu corpo, o som calmante da torneira. Ajudava-o a reflectir. Sabia que a água era o seu pior inimigo e evitava entrar em contacto com ela, apesar de saber nadar com bastante mestria, mas, dentro das paredes de vidro acrílico da caixa que era o chuveiro da sua casa de banho, faziam tréguas, e um lavava as costas do outro. Ketsu desligou a água e saiu do chuveiro, limpando-se energeticamente com uma toalha. Vestindo umas roupas limpas, o Ryu saiu da casa de banho e entrou no seu quarto.
Virando um painel de cortiça, pendurado por um pequeno prego, na sua parede, onde tinha várias recordações, desde uma ou outra fotografia, os melhores desenhos que conseguira fazer e vários bilhetes para eventos culturais e meios de transporte que frequentara, alguns apenas uma vês, Ketsu olhou para o mapa que escondera cuidadosamente naquele sítio. Um corte, mesmo no meio das ilhas Nagi apontava o local onde iria fazer justiça pelas suas próprias mãos. Tirando um pequeno papel de detrás do mapa, o rapaz juntou à lista as técnicas que tinha e guardou-o. ” Tiveste sede de sangue, e eu de sangue te cobrirei”. O jovem virou o painel ao contrário, revelando a faceta que apenas ele conhecia, e saiu do quarto.
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Stamina:
Gangeki - 5
Gouriki Senpuu -5
Senpuu - 2
Shoushitsu - 5
-10 pela "intensidade" :C
80-5-5-2-10=58
Chakra:
Katon: Fukumen Jouki no Jutsu - 5
75-5=70
Total de palavras: 2142+1998= 4140
:C
Até os animais pareciam respeitar a tensão sentida pelos oponentes. Ketsu cerrou os dentes. Relaxava e pressionava os músculos do maxilar, sentindo os pequenos altos carnudos na zona em que ambas as partes do seu crânio se juntavam. Fechou as mãos, fazendo força nos antebraços. Não queria dar parte de fraco e deixar o seu oponente dar o primeiro golpe, mas também não se queria armar em herói grego e levar uma valente coça. Deu um passo em frente. O seu adversário imitou-o.
Ketsu começou, então, a caminhar em direcção ao seu oponente. Não sentia necessidade de correr em direcção a Hitoya, e achava que separados por tanta distância não haveria grande luta. O presidiário, como sempre, imitou o jovem. Parecia estar extremamente aborrecido com o combate. Aproximavam-se a um ritmo acelerado. Apenas se tinham passado poucos segundos entre o pensamento sobre a tensão presente momentos antes e o encontro, mesmo no meio do campo de batalha, frente a frente, de ambos os lutadores.
Ketsu olhou o seu oponente nos olhos, cobertos por cabelo. Nada lhe disse, nada lhe foi dito. O corpo do gennin enrijeceu devido à tensão. Lentamente colocou-se em posição de combate, flectindo ligeiramente os braços e deixando uma perna deslizar para trás. O recluso com que se iria defrontar nem se mexeu. Uma gota de suor escorreu pela têmpora de Ketsu, e este humedeceu os lábios e cerrou os dentes.
No preciso momento em que o gennin abriu a boca, com o intuito perguntar se iam ficar a olhar um para o outro durante muito tempo ou iam começar a lutar como homens, Hitoya desferiu um poderoso gancho de direita na cabeça de Ketsu. Este deixou a sua cabeça virar para o lado, de modo a amortecer a intensidade que o golpe teria no seu pescoço tenso. Um sorriso desenhou-se-lhe nos lábios quando viu um joelho subir em direcção à sua cara. Inclinando o corpo para trás, Ketsu desviou calmamente o ataque, ainda a sorrir.
”Oportunidade…”. Hitoya estava próximo, com um olhar atónito, ainda tentando descobrir como é que aquela criança tinha evitado tão facilmente o seu golpe cuidadosamente calculado. Rodando o corpo 90º par a esquerda, Ketsu aproveitou o balanço ganho pela rotação para aproveitar a sua oportunidade perfeita. Concentrando chakra no punho, recuou o braço, inspirando fundo. Sentia os músculos a enrijecer.
- Gangeki! – As palavras pareciam deixar-lhe um gosto açucarado na boca, como se estivesse a comer um doce. Quase lhe apeteceu lamber os beiços, tão bem que lhe sabia finalmente atingir aquele oponente presunçoso. Desferiu o soco com toda a sua energia, após inspirar calmamente, mesmo no estômago do oponente. O corpo deste flectiu-se. Hitoya Abriu a boca em dor, mas nenhum som saiu. Aparentemente o rapaz acertara mesmo no diafragma.
Hitoya encolheu-se, inclinando o peito para a frente enquanto tentava respirar. A zona onde Ketsu acertara fora ligeiramente projectada para trás, parecendo que o presidiário estava a ser puxado por alguma força mística arcaica esquecida. Vendo outra brecha na defesa do seu oponente, Ketsu fincou os pés no chão e saltou, dizendo a plenos pulmões “Senpuu”. Em pleno ar, girou o corpo com toda a sua força, a perna direita esticada, dirigindo o ataque para a cabeça desprotegida do seu oponente.
Fora como dar uma canelada numa tora de madeira. Um antebraço, rijo como o tronco de um carvalho, impedira com assustadora facilidade o pujante pontapé do gennin. Hitoya cuspiu. A sua saliva tinha um tom ligeiramente avermelhado. Sorriu. Com a mão livre, agarrou a perna de Ketsu pelo joelho, enquanto que o braço direito, antes a bloquear o ataque do Ryu, passou para trás do gémeo do rapaz e agarrou-o fortemente.
- Come terra! – as palavras pareciam as de um lunático a gritar, enquanto atirava vasos a um cansado enfermeiro que se esforçava para lhe enfiar pela goela abaixo um qualquer comprimido controlador para os seus distúrbios mentais. Com os músculos a inchar assustadoramente devido ao esforço, Hitoya atirou o corpo, ainda suspenso, do gennin contra o chão poeirento, com o ímpeto dos titãs.
O impacto fez o único observador do combate suster a respiração. Uma enorme nuvem de poeira cobria a zona onde estava o corpo de Ketsu que, com um som doentio, embatera contra o chão, abrindo fendas na pedra. A nuvem, lentamente, começou a assentar, deixando, de par em par, dois corpos definirem-se. Um deles estava no chão, com os joelhos ligeiramente flectidos, enquanto que o outro esbatido vulto estava, aparentemente, sentado em cima do primeiro. Borrões negros pareciam circular à volta do segundo vulto, embatendo contra o primeiro. Via-se claramente que violentos e sanguinários murros eram desferidos sem piedade no corpo em dores de um dos combatentes.
O pé assentou. No chão estava Ketsu. Sentado em cima via-se Hitoya. Um sorriso sádico desenhava-se e o recluso soltava gargalhadas soltas, estridentes como buzinas, enquanto desferia um e outro soco em Ketsu. Este tinha o sobrolho cortado e sangrava do lábio. Os seus olhos estavam fechados e os músculos do pescoço tensos.
Subitamente Ketsu abriu os olhos. Tinha estado a tentar concentrar-se enquanto recebia aquela chuva de ataques incessante. Com toda a força que conseguiu fazer passar pelas finas malhas do filtro da sua dor, desferiu uma poderosa joelhada nas costas do seu oponente, mesmo quando este armara o braço para um golpe final. A mão de Hitoya estava próximo da sua própria orelha, as veias salientes devido à força com que estava fechada.
A joelhada fez o recluso soltar um urro. Quem o ouvisse não saberia se era um grito de raiva ou um lamento de dor. Passado aquele rugido animalesco, a raiva estava desenhada na cara de Hitoya. Este puxou o braço atrás um pouco mais, fazendo o ombro direito acompanhar o movimento. Ketsu cerrou os olhos. Concentrou a sua energia no joelho, provavelmente o único sítio onde tinha uma chance, ainda que remota, de provocar algum dano.
As palavras saíram da boca dos dois combatentes exatamente ao mesmo tempo. Parecia um Canon extremamente bem ensaiado. Da boca do Ryu ouviu-se “Shoushitsu”, enquanto que das guturais profundezas dos pulmões de Hitoya apenas se ouviu um sussurro, quase como uma sentença de morte proclama. Devido à proximidade, Ketsu conseguiu ouvir o que o seu oponente havia pronunciado. Nunca antes tinha ouvido tal técnica: “Oukashou”.
Parecia estar tudo a passar-se em câmara lenta. Ketsu viu o punho cerrado de Hitoya a descer na sua direcção e cerrou os dentes. Sabia que era a sua única hipótese. O gennin fechou os olhos. Sentiu as escamas irromper da sua pele bronzeada, cobrindo toda a área do seu corpo. Ketsu abriu os olhos violentamente, revelando uma fenda negra no meio do vermelho dos seus olhos. O seu oponente pareceu ligeiramente desconcentrado com o que vira.
O seu joelho embateu nas costas do seu oponente, projectando-o para a frente, imediatamente após um poderosíssimo soco acertar-lhe entre os olhos, partindo algumas das escamas, que perfuraram a pele do jovem novamente, fazendo-o sangrar. Aparentemente a sua “metamorfose” tivera o efeito desejado: desconcentrar. Não o tinha danificado muito, felizmente, mas sentia uma dor forte na testa, bem mais acutilante do que a que o corte, feito pelos fragmentos aguçados das escamas, lhe dava, qual prenda de anos.
Ketsu viu o corpo de Hitoya a cair por cima de si e, antes que o seu oponente tivesse tempo de reagir, apoiou ambas as mãos na barriga deste e empurrou com força, com toda a força que ganhara durante aquele intenso ano de treino. Conseguindo fazer o corpo do recluso voar alguns metros para trás, o Ryu aproveitou os segundos que ganhara para se levantar com um acrobático salto.
Ainda atordoado com a forma como aquela “criança” tinha virado a situação em que se encontrava, Hitoya levantou-se, a olhar para a mão. Pedaços do que pareciam ser escamas despedaçadas tinham-lhe cortado a carne e tinha o seu dedo do meio com um inchaço anormal e não o sentia. Provavelmente deslocado.
Com o dilema de suportar as dores excruciantes de recolocar um osso no seu encaixe ou continuar a lutar ignorando as dores, Hitoya não notou que Ketsu estava a formar alguns selos. O gennin arquejava pesadamente enquanto se concentrava. Formara dois selos apenas, dragão e tigre. Recompondo-se, ketsu deixou-se cair de joelhos no chão e concentrou-se, fechando a mão lentamente, mas com firmeza. Armando ambos os braços o mais que podia, o rapaz gritou “Hando Shindou”, esmurrando o chão com a mão esquerda. Mal acabara de dizer “dou”, o jovem deixou cair a mão direita com toda a sua força, murmurando entre dentes, para não danificar a ilusão, “Katon: Fukumen Jouki no Jutsu”.
Ao olho destreinado, o gennin desferira um golpe de tal maneira poderoso no solo que, além de o fazer tremer, desequilibrando Hitoya, que rodava os braços no ar de maneira a evitar cair, sem sequer reparar, abrira uma fissura no chão, entre ele e o seu oponente. Esta, acabando mesmo por baixo do recluso, cuspiu uma linha de labaredas que o queimou. O grito de dor fez Ketsu sorrir.
A roupa do rapaz estava a arder, sendo que o principal foco de combustão era precisamente no local onde os genitais deste estavam. Sem dar ao seu oponente oportunidade de se recompor, Ketsu aproximou-se dele, saltando. Hitoya acabara de apagar o fogo na sua virilha quando um grito soou no estádio. Parecia um grito de guerra.
- Gouriki Senpuu! – o pontapé, bem mais caprichoso que o anterior, acertou o recluso distraído mesmo no pescoço. Devido à dureza das escamas, o pescoço de Hitoya estalou. ”Porra! Ele não morre!” foi o único pensamento que passou pela mente de Ketsu ao cair no chão. O seu oponente, lentamente, levantou-se. O seu sorriso tinha desaparecido e sangrava de uma mão. Uma pequena incisão onde o pé do Ryu tinha embatido com o pescoço do seu oponente largava, ocasionalmente, uma pequena gota solitária de sangue. Ambos arfavam.
- Vences-te – foi o comentário de Hitoya. Este não era de lutar. Exilara-se da sua vila precisamente para não ter de lutar. Infelizmente, cinco anos de matar ou ser morto tinham-lhe dado a volta à cabeça, desenvolvendo uma psicose de bipolaridade quase ao nível da esquizofrenia.
- Obrigado – Ketsu agarrou o punho direito com a palma esquerda e inclinou-se levemente para a frente, gesto que o recluso imitou. No final, deram um aperto de mão formal e cada um seguiu o seu caminho. O Ryu deixou a sua pele voltar ao normal. Tinha de utilizar mais a sua bloodline, estava farto daquela sensação de comichão sempre que as deixava sair.
Ao entrar no balneário, o seu pai deu-lhe uma palmada nas costas e acompanhou-o em direcção ao duche. O sangue que escorria da testa do rapaz bifurcava ao chegar ao nariz, escorrendo pelo canto interno dos olhos em direcção à boca, lentamente. Promessas de duas sobremesas no dia do pudim e de mais técnica saíram da boca do Ryu mais velho, contente pelo desempenho do filho. Já este, não ouvia nada.
A água escorria pelo seu corpo musculado suado. O som que os pequenos jactos provocavam no chuveiro era extremamente calmante, e o vapor quente abraçava-o como um cobertor. Ketsu aumentou a pressão da água, deixando-a incidir sobre os seus músculos doridos. Tinha várias pisaduras no peito e uma enorme nódoa negra num olho. O corte na sua fronte, já estancado, estava a chegar à fase em que crepitava de dor. O rapaz aumentou a temperatura da água e virou-se de costas para o jacto. Parecia o paraíso.
Sempre gostara de tomar banho. O vapor à sua volta, a água quente a relaxar o seu corpo, o som calmante da torneira. Ajudava-o a reflectir. Sabia que a água era o seu pior inimigo e evitava entrar em contacto com ela, apesar de saber nadar com bastante mestria, mas, dentro das paredes de vidro acrílico da caixa que era o chuveiro da sua casa de banho, faziam tréguas, e um lavava as costas do outro. Ketsu desligou a água e saiu do chuveiro, limpando-se energeticamente com uma toalha. Vestindo umas roupas limpas, o Ryu saiu da casa de banho e entrou no seu quarto.
Virando um painel de cortiça, pendurado por um pequeno prego, na sua parede, onde tinha várias recordações, desde uma ou outra fotografia, os melhores desenhos que conseguira fazer e vários bilhetes para eventos culturais e meios de transporte que frequentara, alguns apenas uma vês, Ketsu olhou para o mapa que escondera cuidadosamente naquele sítio. Um corte, mesmo no meio das ilhas Nagi apontava o local onde iria fazer justiça pelas suas próprias mãos. Tirando um pequeno papel de detrás do mapa, o rapaz juntou à lista as técnicas que tinha e guardou-o. ” Tiveste sede de sangue, e eu de sangue te cobrirei”. O jovem virou o painel ao contrário, revelando a faceta que apenas ele conhecia, e saiu do quarto.
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Stamina:
Gangeki - 5
Gouriki Senpuu -5
Senpuu - 2
Shoushitsu - 5
-10 pela "intensidade" :C
80-5-5-2-10=58
Chakra:
Katon: Fukumen Jouki no Jutsu - 5
75-5=70
Total de palavras: 2142+1998= 4140
:C
Ryu Ketsu- Mensagens : 103
Data de inscrição : 10/11/2010
Idade : 28
Localização : Esmoriz
Perfil da Personagem
Localização da Headband: Luva na mão direita
Stamina:
(500/500)
Chakra:
(500/500)
Re: Sector #069 - Coliseum
- Acorda mandrião! Já são horas de almoçar! – um grito estridente ecoava pela casa. Aparentemente já era meio dia. Um sonolento genin saiu da cama, coçando os olhos. O frio gelou-lhe os ossos e o rapaz sofreu o inferno para não voltar para a cama, para aquele nicho quente onde tão bem estava antes da sua mãe o acordar. – Anda lá, Ketsu, a comida já está pronta! - O Ryu pegou na roupa que previamente seleccionara, antes de ir dormir, e vestiu-a rapidamente. O contacto da roupa fria com a pele fez um arrepio gelado correr pela espinha dele. O rapaz tremeu, soltando um “aaaaah” de alívio quando a sensação passou. – Não te volto a chamar! Daqui a bocado começamos a comer sem ti!
Acelerando escadas abaixo, o jovem atravessou o corredor a correr e começou a travar alguns metros antes da cozinha, colocando os pés de lado. Descalço, usando apenas as meias nos pés Ketsu deslizou pelo chão envernizado da sua pacata casa, parando o seu “surf” mesmo à frente da porta da cozinha. O seu olhar fixou-se na grande travessa com um grande naco de carne assada rodeada de castanhas, como se fosse o grande professor a dissertar uma aula aos seus alunos. Uma travessa com arroz estava a ser escavada por uma colher de porcelana, empunhada pelo pai do Ryu, enquanto que a mãe do jovem, uma senhora magra, dos seus quarenta anos, dissertava um sermão sobre como os hidratos de carbono faziam mal ao seu parceiro da vida, que já ganhara uns quilitos. Vendo o filho a entrar, o pai de Ketsu teve uma pausa no sermão, marcada por um “Finalmente! Vê lá se te sentas”, dirigido ao pequeno rapaz que deslizava, alegremente, descalço pela casa.
Ketsu sentou-se à mesa e começou a comer. Os seus pais continuavam a discutir, mas já estavam num tom de brincadeira, chegando a mãe do jovem a atirar uma castanha ao pai. Ambos os adultos agora riam enquanto se insultavam indirectamente. Para Ketsu, aquilo era nada. Silencioso, comia no seu canto, saboreando o assado tão bem feito pela sua mãe, provavelmente a melhor cozinheira de sempre. Após alguns minutos de silêncio, o rapaz acabou com o último bocado de carne no seu prato e levantou-se.
- Posso sair da mesa? – a frase foi acompanhada pelo som de uma cadeira a arrastar. O som pesaroso de um jovem aborrecido. A única resposta foi um “hum hum” positivo. O jovem arrastou a cadeira um pouco mais para trás e caminhou lentamente em direcção à porta. No entanto, a meio do caminho, uma mão forte agarrou o seu braço, impedindo-o de avançar. O jovem olhou para os olhos vermelhos do seu pai e aclarou a garganta – Que se passa?
O homem tirou, de um pequeno bolso no quimono que vestia, um pequeno livro. Uma capa verde com umas palavras desbotadas protegia umas folhas amareladas e poeirentas. O adulto entregou ao seu rebento o pequeno livro. – Este livro é… um guia de técnicas do clã, técnicas que acho que estão ao teu nível. Estuda-o bem e anda ter comigo ao coliseu daqui a uma hora. – o semblante do homem tornou-se carregado, quase sinistro, enquanto este dava uma irada advertência – Nem penses em chegar atrasado…
Ketsu engoliu em seco e acenou com a cabeça afirmativamente. Pegando no livro com uma mão magra, o jovem passou os olhos pela cama poeirenta, tentando decifrar os caracteres incompletos, já comidos pelo tempo. Os riscos, para ele aleatórios, não faziam sentido algum. O jovem limitou-se a guardar o livro bafiento num bolso qualquer das calças, e prosseguir o seu caminho em direcção ao quarto.
Ketsu abriu a porta do quarto. Subira as escadas saltando dois degraus de cada vez. O quarto do jovem era uma confusão clássica. Roupa pendurada em cabides aleatoriamente espalhados pelo quarto, uma escrivaninha coberta de folhas de papel desenhadas e uma cama por fazer que não era mais do que um colchão no chão com um cobertor por cima. O jovem deixou o corpo cair em cima do colchão e tirou o amarelado livro do bolso, abrindo as páginas e começando a ler.
***
”Faltam cinco minutos… onde raio é que ele se enfiou?” pensava o homem, à espera do seu filho. Subitamente, ouviu uma porta a abrir. A escuridão dos balneários do coliseu foi rasgada por uma luz quase ofuscante, proveniente de uma porta com pouco mais de metro e noventa, que dava para o corredor dos simuladores de Kiri. Um vulto apareceu recortado, contra a luz, no campo de visão do homem. O relance vermelho não deixava margem de dúvidas: era Ketsu.
A porta fechou-se atrás do genin. Este apresentava um semblante carregado, mesmo para o que era costume. O homem estranhou mas, encolhendo os ombros, chamou o rapaz para perto do portão que dava para o chão de terra batida da arena. Tinha algo para lhe dizer.
- Que técnicas memorizas-te? – a pergunta era simples. Ainda não tinha a certeza se devia enviar o seu próprio filho contra aquele… aquilo! … mas tinha de ser. O rapaz queria crescer como shinobi, queria tornar-se mais e mais forte, logo tinha de enfrentar um desafio como deve ser. – Todas… - foi a resposta seca de Ketsu. Parecia anormalmente concentrado. Provavelmente já sabia o que teria de enfrentar, ou que teria de enfrentar. O Ryu mais velho aclarou a garganta – Então… boa sorte! – dito isto, enfiou a mão numa reentrância na parede e rodou o manípulo interno. O portão, com um ranger anormalmente alto, seguido de bastantes estalidos metálicos, provavelmente provocados devido a correntes ferrugentas a ser puxadas, levantou-se. – Boa sorte – disse o pai ao filho, obtendo um “hum” como resposta. O Ryu idoso subiu para as bancadas e sentou-se. Ketsu entrou.
O sol ofuscou-lhe os olhos. Pouco passava das duas da tarde, o sol estava próximo do seu pico. O jovem semicerrou os olhos e continuou a andar em frente. Conseguia vir uma figura ao longe. Estava ligeiramente ondulada devido ao calor originado pelo simulador.
Era um homem alto, com quase 1m80. Tinha o cabelo negro espetado em todas as direcções que o jovem conseguia imaginar. Este era negro e tinha um aspecto pastoso, parecia não ser lavado há meses. Das costas do homem saíam oito cabos cobertos em ligaduras negras… cabos de katanas. O resto de cada bainha podia-se ver, saindo da zona lombar inferior do homem. Podiam-se ver vários cabos de kunais saindo de pequenos suportes especiais espalhados por todo o seu corpo. Os braços do homem estavam cobertos com ligaduras, que se encontravam, na zona do antebraço, sobre uma placa de aço, a servir de armadura. O podia-se ver que o homem tinha braço musculados, apesar de pouco definidos.
Ketsu parou e olhou para os olhos deste. Ao contrário do seu último oponente, um jovem calado e cabisbaixo, este novo adversário ostentava um sorriso trocista e sarcástico. Estalou o pescoço, em jeito de ameaça. Ketsu sorriu e imitou-o. Não lhe parecia que seria um combate fácil. Concentrando-se, activou a sua bloodline. Escamas vermelhas irromperam da sua pele. O jovem cerrou os dentes, em dor. Apesar de menos que da última vez, ainda sentia algumas das escamas mais rijas a rasgar a sua pele. O homem sorriu e desembainhou duas espadas, uma em cada mão, colocando-se em posição de combate. Ketsu formou um punho, fechando a mão com força, e abriu os olhos, agora fendidos. Sorriu.
- Vamos nessa… - disse. O homem sorriu e lambeu a lâmina de uma das espadas, cortando a língua. Parecia extasiado por ver o sangue escorrer ao longo da sua arma.
- Claro – respondeu, começando a correr em direcção ao genin, enquanto soltava um urro de raiva.
Acelerando escadas abaixo, o jovem atravessou o corredor a correr e começou a travar alguns metros antes da cozinha, colocando os pés de lado. Descalço, usando apenas as meias nos pés Ketsu deslizou pelo chão envernizado da sua pacata casa, parando o seu “surf” mesmo à frente da porta da cozinha. O seu olhar fixou-se na grande travessa com um grande naco de carne assada rodeada de castanhas, como se fosse o grande professor a dissertar uma aula aos seus alunos. Uma travessa com arroz estava a ser escavada por uma colher de porcelana, empunhada pelo pai do Ryu, enquanto que a mãe do jovem, uma senhora magra, dos seus quarenta anos, dissertava um sermão sobre como os hidratos de carbono faziam mal ao seu parceiro da vida, que já ganhara uns quilitos. Vendo o filho a entrar, o pai de Ketsu teve uma pausa no sermão, marcada por um “Finalmente! Vê lá se te sentas”, dirigido ao pequeno rapaz que deslizava, alegremente, descalço pela casa.
Ketsu sentou-se à mesa e começou a comer. Os seus pais continuavam a discutir, mas já estavam num tom de brincadeira, chegando a mãe do jovem a atirar uma castanha ao pai. Ambos os adultos agora riam enquanto se insultavam indirectamente. Para Ketsu, aquilo era nada. Silencioso, comia no seu canto, saboreando o assado tão bem feito pela sua mãe, provavelmente a melhor cozinheira de sempre. Após alguns minutos de silêncio, o rapaz acabou com o último bocado de carne no seu prato e levantou-se.
- Posso sair da mesa? – a frase foi acompanhada pelo som de uma cadeira a arrastar. O som pesaroso de um jovem aborrecido. A única resposta foi um “hum hum” positivo. O jovem arrastou a cadeira um pouco mais para trás e caminhou lentamente em direcção à porta. No entanto, a meio do caminho, uma mão forte agarrou o seu braço, impedindo-o de avançar. O jovem olhou para os olhos vermelhos do seu pai e aclarou a garganta – Que se passa?
O homem tirou, de um pequeno bolso no quimono que vestia, um pequeno livro. Uma capa verde com umas palavras desbotadas protegia umas folhas amareladas e poeirentas. O adulto entregou ao seu rebento o pequeno livro. – Este livro é… um guia de técnicas do clã, técnicas que acho que estão ao teu nível. Estuda-o bem e anda ter comigo ao coliseu daqui a uma hora. – o semblante do homem tornou-se carregado, quase sinistro, enquanto este dava uma irada advertência – Nem penses em chegar atrasado…
Ketsu engoliu em seco e acenou com a cabeça afirmativamente. Pegando no livro com uma mão magra, o jovem passou os olhos pela cama poeirenta, tentando decifrar os caracteres incompletos, já comidos pelo tempo. Os riscos, para ele aleatórios, não faziam sentido algum. O jovem limitou-se a guardar o livro bafiento num bolso qualquer das calças, e prosseguir o seu caminho em direcção ao quarto.
Ketsu abriu a porta do quarto. Subira as escadas saltando dois degraus de cada vez. O quarto do jovem era uma confusão clássica. Roupa pendurada em cabides aleatoriamente espalhados pelo quarto, uma escrivaninha coberta de folhas de papel desenhadas e uma cama por fazer que não era mais do que um colchão no chão com um cobertor por cima. O jovem deixou o corpo cair em cima do colchão e tirou o amarelado livro do bolso, abrindo as páginas e começando a ler.
***
”Faltam cinco minutos… onde raio é que ele se enfiou?” pensava o homem, à espera do seu filho. Subitamente, ouviu uma porta a abrir. A escuridão dos balneários do coliseu foi rasgada por uma luz quase ofuscante, proveniente de uma porta com pouco mais de metro e noventa, que dava para o corredor dos simuladores de Kiri. Um vulto apareceu recortado, contra a luz, no campo de visão do homem. O relance vermelho não deixava margem de dúvidas: era Ketsu.
A porta fechou-se atrás do genin. Este apresentava um semblante carregado, mesmo para o que era costume. O homem estranhou mas, encolhendo os ombros, chamou o rapaz para perto do portão que dava para o chão de terra batida da arena. Tinha algo para lhe dizer.
- Que técnicas memorizas-te? – a pergunta era simples. Ainda não tinha a certeza se devia enviar o seu próprio filho contra aquele… aquilo! … mas tinha de ser. O rapaz queria crescer como shinobi, queria tornar-se mais e mais forte, logo tinha de enfrentar um desafio como deve ser. – Todas… - foi a resposta seca de Ketsu. Parecia anormalmente concentrado. Provavelmente já sabia o que teria de enfrentar, ou que teria de enfrentar. O Ryu mais velho aclarou a garganta – Então… boa sorte! – dito isto, enfiou a mão numa reentrância na parede e rodou o manípulo interno. O portão, com um ranger anormalmente alto, seguido de bastantes estalidos metálicos, provavelmente provocados devido a correntes ferrugentas a ser puxadas, levantou-se. – Boa sorte – disse o pai ao filho, obtendo um “hum” como resposta. O Ryu idoso subiu para as bancadas e sentou-se. Ketsu entrou.
O sol ofuscou-lhe os olhos. Pouco passava das duas da tarde, o sol estava próximo do seu pico. O jovem semicerrou os olhos e continuou a andar em frente. Conseguia vir uma figura ao longe. Estava ligeiramente ondulada devido ao calor originado pelo simulador.
Era um homem alto, com quase 1m80. Tinha o cabelo negro espetado em todas as direcções que o jovem conseguia imaginar. Este era negro e tinha um aspecto pastoso, parecia não ser lavado há meses. Das costas do homem saíam oito cabos cobertos em ligaduras negras… cabos de katanas. O resto de cada bainha podia-se ver, saindo da zona lombar inferior do homem. Podiam-se ver vários cabos de kunais saindo de pequenos suportes especiais espalhados por todo o seu corpo. Os braços do homem estavam cobertos com ligaduras, que se encontravam, na zona do antebraço, sobre uma placa de aço, a servir de armadura. O podia-se ver que o homem tinha braço musculados, apesar de pouco definidos.
Ketsu parou e olhou para os olhos deste. Ao contrário do seu último oponente, um jovem calado e cabisbaixo, este novo adversário ostentava um sorriso trocista e sarcástico. Estalou o pescoço, em jeito de ameaça. Ketsu sorriu e imitou-o. Não lhe parecia que seria um combate fácil. Concentrando-se, activou a sua bloodline. Escamas vermelhas irromperam da sua pele. O jovem cerrou os dentes, em dor. Apesar de menos que da última vez, ainda sentia algumas das escamas mais rijas a rasgar a sua pele. O homem sorriu e desembainhou duas espadas, uma em cada mão, colocando-se em posição de combate. Ketsu formou um punho, fechando a mão com força, e abriu os olhos, agora fendidos. Sorriu.
- Vamos nessa… - disse. O homem sorriu e lambeu a lâmina de uma das espadas, cortando a língua. Parecia extasiado por ver o sangue escorrer ao longo da sua arma.
- Claro – respondeu, começando a correr em direcção ao genin, enquanto soltava um urro de raiva.
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